domingo, 23 de setembro de 2007

Educação musical: conceitos e pré-conceitos

Não se pode negar o espaço que a música teve e ainda têm na vida dos indivíduos, especialmente os mais jovens. De acordo com Pinto (1998 p. 137), esta atividade chega até a definir culturas: Cultura pop, cultura country, cultura rock etc. entre suas inúmeras funções, ela pode ser associada à expressão de resistência, celebração de raízes culturais, eventos e figuras importantes de uma região.

Contudo, uma investigação no ambiente escolar, sobre como a música é feita, transmitida e recebida pelo público parece-nos um ideal a ser alcançado. Neste sentido, questiona-se:

  • Até que ponto entende-se que o ensino da música proporciona aos alunos, elementos suficientes para uma análise crítica e reflexiva da produção sonora do seu próprio ambiente?
  • Qual é o significado atribuído a educação musical hoje, frente às novas tecnologias da comunicação e da informação?
  • Quais as potencialidades e limitações dessa disciplina no ensino formal?

A música na Grécia era a expressão de um homem livre, fonte de sabedoria e conseqüentemente indispensável para a educação. Vale citar que “educar” para os gregos era mais que a simples transmissão de conhecimentos, pois o objetivo maior era a formação do caráter da pessoa.

Por isso, o ensino da música acompanhava o da ginástica, o primeiro, associado a tudo que fizesse referência à inteligência e o último ao desenvolvimento físico. Buscava-se uma educação plena, equilibrada, que harmonizasse corpo e mente.

Nesse sentido Liane Hentschke (1995) afirma que à música nunca se deu a devida importância, e no contexto da educação escolar ela é considerada uma atividade de menor valor se comparada às outras disciplinas do ensino formal.

Tal preconceito, se justifica porque durante muito tempo associou-se a atividade musical aos aspectos promocionais da escola, ou seja, montagem de repertório para datas comemorativas como páscoa, dia das mães, dos pais, festas juninas, eventos cívicos, natal e muitos outros.

Ressalta-se então, a necessidade de uma prática pedagógica que promova uma reflexão crítica sobre as relações entre música, sociedade e indivíduo, assegurando assim, uma educação musical significativa e relevante.

A ação docente, portanto, não pode ser um ato irresponsável, pois se assim o for, as conseqüências serão terríveis. Neste contexto, a função do educador de um modo geral, e em especial o educador musical, parece ser duplamente desafiadora, haja vista que também precisam ser consideradas, durante o processo de ensino/aprendizagem, as complexas questões da subjetividade de cada homem e mulher, co-participantes na árdua tarefa de reconstruir os caminhos da própria sensibilidade, emoção e intuição.

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PINTO, M. Educação musical como prática social e cidadania. In anais do XI Confaeb – Arte, políticas educacionais e culturais no limiar do século XXI. Brasília: 1998.

HENTSCHKE, L; BEM, L. D. (org.) Ensino de Música: propostas para pensar e agir em sala de aula. São Paulo: Moderna, 2003.

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2 comentários:

Uirá Kuhlmann disse...

Professor Welington, muito bom seu blog e seus textos.

Este em especial sobre conceitos e préconceitos da Educação Musical.

Acredito que a música chega hoje nas escola com força total e vem pra mudar, quebrar paradígmas e fazer inclusive as outras disciplinas repensares. Uma aula de música ativa, brincante, alegre e com muito música no seu caráter mais prático que é a exploração do repertório, seja ele cantado, tocado, brincado, jogado, dançado.

Educação Musical que vem para melhorar a qualidade de vida dos discentes!

Abraços

Uirá

PS: Sou novo nesta idéia de blogs, estou fazendo um por indicação da faculdade. Visite e conheça meu blog - http://amusicaeomovimento.blogspot.com/

Blog do Tato Andreatta disse...

Olá professor Wellington,

Você foi meu tutor em História da Música 1 na EAD da Ufscar.
Muito bons o seus textos e o seu blog como um todo, precisamos deste tipo de debate para ajudar a alavancar de uma vez por todas a educação musical no Brasil.

Gostaria de colocar alguns pontos de vista que tenho a respeito da questão da educação musical no Brasil. Penso que ainda há a visão romantizada e estereotipada do que seja música em suas mais diversas formas de expressão e em suas funções sociais, por exemplo, sinto uma tremenda dificuldade em explicar, mesmo para as pessoas do meu convívio familiar, o que é ser músico, o que é a música de entretenimento (a maioria veiculada), a que necessita de um certo amadurecimento do ouvinte, a folclórica, a música realmente religiosa, etc, resumindo, não há o mínimo de conhecimento de conceitos sobre música, menos ainda, da moderna forma de atuação da educação musical, e soma-se o fato da maioria dos músicos também não conhecerem a educação musical, e não terem formação pedagógica, tudo isso, resultando em conceitos equivocados em relação à música e ao seu ensino. Antes da aprovação da lei de 2008, houve uma vídeo conferência para se discutir o assunto em 2004. Artistas de vários segmentos musicais e também membros da Abem participaram, eles tentaram chegar a um consenso de propostas e reivindicações comuns, obviamente não conseguiram, a maioria de artistas e músicos que participaram, não tinham a menor idéia da proposta e da visão dos membros da Abem, e de suas modernas propostas pedagógicas sobre a educação musical. Posso dizer que realmente eles não conhecem a educação musical, já trabalhei com grandes artistas e estou neste meio como músico, salvo exceções, não temos esta cultura formada no meio dos instrumentistas e cantores, jamais vi alguém da MPB, por exemplo falar deste assunto em qualquer programa de entrevistas, penso que isso acontece também porque os músicos brasileiros, cantores, poetas, etc, não tiveram uma formação formal na área, tudo dependendo do talento e criatividades individuais.
Não levanto aqui quaisquer dúvidas acerca das ótimas intenções dos artistas envolvidos, e da competência intelectual e artística de todos que participaram da citada vídeo conferência, o problema se dá pela falta de informação em relação à disciplina educação musical, sua filosofia, e suas inovadoras propostas.
Bem, é isso por enquanto.
Abraços
Alberto Andreatta

Também criei um blog e gostaria de convidá-lo a participar, o endereço é:
http//musicaeeducacaomusical.blogspot.com/