sábado, 15 de março de 2008

(Des) Construindo conceitos

De acordo com o professor Koellreutter “a função da arte varia de acordo com as intenções da sociedade” (1998, p.189), dito de outra forma, a música é uma linguagem artística fundamentada e organizada culturalmente, portanto, é uma prática social, cujos valores e significados a ela atribuídos, são reflexo do meio ao qual está inserida.

Murray Schafer, escritor e compositor canadense afirma que as mudanças ocorridas no conceito de música no decorrer do século XX estão intimamente relacionados à idéia de paisagem sonora, ou seja, um conjunto de sons que fazem parte de um determinado ambiente.

Com o acelerado processo de industrialização, o mundo sofre uma superpopulação de sons, convivemos cotidiana e passivamente com uma imensa quantidade de informações sonoras, o que tem chamado a atenção de cientistas em várias partes do mundo.

Neste sentido importantes pesquisas são realizadas para primeiro entender a relação entre a pessoa e os sons de seu ambiente e, em segundo lugar, perceber quais as conseqüências para o ser humano quando os sons se modificam.
Schafer, conclui em seus escritos:

Com a sociedade aprendemos como o homem se comporta com os sons e de que maneira estes afetam e modificam o seu comportamento. Com as artes, e particularmente com a música, aprenderemos de que modo o homem cria paisagens sonoras ideais para aquela outra via que é a da imaginação e da reflexão psíquica. (1997 p. 18)

A educação musical, neste sentido, poderá contribuir significativamente para o desenvolvimento do indivíduo, além, de também estimular o ressurgimento, o estudo e a valorização de culturas regionais, globais ou planetárias.

Torna-se importante relatar que numa concepção tradicional de ensino da música, a ênfase recai sobre a reprodução de conteúdos, não sendo valorizado a experimentação ou o trabalho de construção do conhecimento. A música, na maioria das vezes, é considerada no processo de ensino como algo pronto, acabado, sendo reservado ao educando, a função de intérprete, no sentido mais estrito do termo.

O processo de educação musical fica limitado a decorar regras, sinais e símbolos. Ressalta-se também que a criação de tecnologias educacionais para a música ainda é pouco expressiva, haja vista que não temos de forma sistemática nos cursos de licenciatura uma tradição de pesquisa, estudo e reflexão crítica sobre essa temática.

Frente a essa realidade o que diriam Koellreutter e Shafer?
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KOELLREUTTER, H. J. O centro de pesquisa de música contemporânea da Escola de Música da UFMG: uma nova proposta de ensino musical. In: anais do II Encontro Nacional de Pesquisa em Música. São João Del Rei, Minas Gerais: 1985.

SCHAFER, M. R. A afinação do mundo. São Paulo: UNESP, 2001.
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Um comentário:

Débora Priscila disse...

Olá Prof. Wellington,

Fiquei muito feliz em encontrar seu blog, seu texto também nos faz pensar nesta liga da educação musical com as novas tecnologias, e o quanto a quebra de velhos paradigmas podem abrir novos caminhos para a educação musical. Estou iniciando no universo dos blogs, e o convido para conhece-lo: http://loucoseadmusica.blogspot.com

Grande abraço

Deb